Dra. Daniela Passos

A insuficiência cardíaca (IC) é um conjunto de sinais e sintomas clínicos, nos quais o coração é incapaz de bombear sangue de forma a atender às necessidades metabólicas, ou pode fazê-lo somente com elevadas pressões de enchimento, prejudicando, assim, a capacidade do coração de se encher ou ejetar sangue. É um diagnóstico comumente visto, em diferentes gravidades, em pacientes que desenvolveram alterações estruturais/funcionais cardíacas como: pós infarto do miocárdio, doença valvares, hipertensão arterial mal controlada, doenças congênitas cardíacas, doença de Chagas, genéticas, entre outras. Os principais sintomas são falta de ar, inchaço, emagrecimento, fadiga, os quais acendem alerta para o cardiologista, que juntamente com história clínica, eletrocardiograma e ecocardiograma é possível estabelecer o diagnóstico. Por serem sintomas progressivos, e que principalmente comprometem a qualidade de vida, e geram impacto na sobrevida do paciente, cada vez mais, o Brasil e o mundo estudam medicamentos capazes de avançar no controle dos sintomas e estabilizar a progressão da doença.

Apesar do tratamento medicamentoso otimizado, muitos pacientes evoluem com progressão da insuficiência cardíaca, tornando-se, avançada e é necessário avaliação de um cardiologista especialista para indicação de transplante cardíaco ou dispositivos de assistência ventricular - “coração artificial”. Assim como no transplante, existem critérios de indicação e exclusão que determinarão o sucesso do implante do dispositivo. Basicamente, envolvem 3 fatores: (1) identificar pacientes com IC avançada, para o qual o risco do implante do DACM suplanta a mortalidade da doença atual, tornando o procedimento benéfico; (2) garantir que a doença não esteja em estágio tão avançado, situação em que o implante do DACM resulta em morbidade e mortalidade ao paciente, devido ao aumento do índice de complicações; (3) assegurar que não existam contraindicações ao implante do DACM. Devido a complexidade do tratamento, os principais centros especializados no Brasil concentram-se no Sul e Sudeste e recentemente, foi aprovado a incorporação da tecnologia pelo SUS em pacientes com insuficiência cardíaca avançada inelegíveis para o transplante.

O transplante cardíaco é o tratamento de escolha para muitos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) terminal que permanecem sintomáticos apesar da terapia medicamentosa ideal. A estratificação de risco de pacientes com IC avançada é fundamental para a seleção de candidatos ao transplante. As principais indicações são pacientes com IC avançada (fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≤ 30%, sintomas de dispneia ou fadiga limitantes ou em repouso), independente da causa (maioria das vezes isquêmica ou idiopática), arritmias intratáveis, angina refratária a medicamentos ou cirurgia. Hoje, no Brasil, diversos estados dispõem de centros transplantadores, com equipe especializada em transplante de coração, sendo que bem indicado, traz benefícios e aumenta a sobrevida para o paciente.